#12 Letter to the person you hate most/caused you a lot of pain

"Querido" xxx,

Antes de mais eu não te odeio. Seria impossível odiar-te porque tu nem sequer diriges a palavra a ninguém por isso é fácil simplesmente ignorar-te que é o que toda a gente faz. Não vou ser má e dizer "espero que estejas a apreciar a solidão" nem "quem ri por último ri melhor", mas apenas porque isso não é o tipo de coisa que eu faça, não porque tu não o mereças, porque até mereces. Tenho pena de ti porque foste estúpido ao ponto de deixares fugir a única pessoa com um ADN diferente do teu que se preocupava contigo (sim, estou a falar de mim). Mas nunca fizeste nada que mostrasse que precisavas de mim, muito pelo contrário. E não sei como é que me deixei levar por ti durante tanto tempo, sinceramente não sei. Não merecias nem um décimo das lágrimas que chorei por ti. E eu acho que também não merecia a forma como me tratavas (mas hei, isto é só a minha opinião e posso estar redondamente enganada!). Depois de tantas facadas que me deste nas costas eu continuava a gostar de ti. Continuava a estar lá quando precisavas de mim. Continuava a dizer-te "vai correr tudo bem". Continuava a fazer uma série de coisas que tu simplesmente não merecias, e no fim de tudo o que é que tu me dizias? Nada. Nem sequer te davas ao trabalho de dizer "obrigado". Acho que as únicas vezes que me disseste "obrigado" foi depois de eu ter dito "parabéns", incrível não é? E vou-te confessar uma coisa. Às vezes, naquelas aulas horríveis que eu odeava, dava por mim a olhar para ti por breves segundos e a pensar "mas o que é que eu vi nesta coisa?" e juro-te que nunca cheguei a nenhuma conclusão. Por mais que te olhasse. Por mais voltas que desse à cabeça. Por mais que pensasse nos "bons momentos" porque quando fazia isso acabava sempre por chegar à mesma conclusão: bons momentos? Sim, pois! Deixa-me rir! Porque sabes, na minha terra, aquilo a que se chama "bons momentos" vai além das horas que passávamos a falar por mensagens. Vai além dos dias que passávamos a falar no msn. Vai além das vezes que mandei os outros "para trás" e te pus em primeiro. Na minha terra os momentos preenchem-se de cumplicidade. São aqueles abraços que se recebem quando precisamos. Aquele sorriso que nos faz parar de chorar. Aquele "saco de pancada" quando é preciso. Mas acima de tudo, os bons momentos acontecem quando olhas para uma pessoa e essa pessoa retribui o olhar com um sorriso nos olhos. É aí que percebes que aquela pessoa nunca te vai deixar mal. E tu nunca foste capaz de fazer isso. Claro que não! Tu não és mentiroso... Não me ias olhar com olhos de "estou aqui sempre que precisares" e no minuto a seguir dizeres-me aquilo que me dizias 20 vezes por dia: vai cagar. Realmente fui estúpida! Muito estúpida! E pronto. A carta era suposto ser para alguém que odeamos/magoou-nos muito. E como eu não odeio ninguém optei pela segunda razão. Portanto é tua a carta, fica feliz hã? Grande amizade que era realmente... Tão grande que não sinto a falta de nada. Nadinha. Zero. Nicles! E podes achar que é fachada, mas não é. E aquelas pessoas a quem eu agora chamo "amigos" (nome estranho para ti... Pergunto-me se atribuis esse nome a alguém ;D) podem testemunhar isso à vontadinha. Garanto-te que nunca senti a tua falta. E desde o momento em que me disseste "tu não tens amigos" e se fez luz na minha cabeça tipo flash de máquina fotográfica fica sabendo que só chorei por ti uma vez: por não perceber como é que consegui ser tão estúpida, tão tapadinha, que não percebi que tu não merecias o meu tempo. Como disse, tu não mereces as minhas lágrimas e eu não vou chorar por ti como é óbvio. Choro antes por mim e pela minha estupidez que em tempos tive. Espero que estejas muito feliz seja lá onde te encontres e que tenhas imensos amigos com quem falar e a quem dizer "vai cagar", qualquer um gosta de ouvir isso não é? ;D