19.7.10

#5 Letter to your dreams

Queridos sonhos,

Estão comigo desde que me lembro. Desde pequenina que vocês eram sempre mais malucos em mim do que nas outras pessoas. Lembro-me como se fosse ontem de estar a sonhar com um daqueles balões que têm sementes ou whatever lá dentro para fazerem barulho e de o balão ter rebentado e uma das sementes ter aterrado em cima do meu pé. Como eu não a queria lá, tentei tirá-la mas ela não saía, então eu tirei o sapato e a semente continuava em cima da minha meia. Então eu tirei a meia. Mas a semente continuava em cima do meu pé, então eu não fiz por menos e cortei o pé. E agora mais recentemente deu-vos para me porem a sonhar com arroz que cozia naquelas coisinhas para as melgas que se ligam à electricidade. Ou, ainda antes disto, deu-vos para me porem a sonhar que finalmente conhecia a ave rara e estávamos a correr num pavilhão de educação física, às voltas e eu estava a tentar alcançá-la e estava a chamá-la mas ela não me via nem ouvia e continuávamos as duas a correr. Agora ultimamente vocês têm-me abandonado um bocadinho e em vosso lugar vieram os pesadelos. Que não são bem pesadelos porque não aparece ninguém no escuro que grite "bu", não acontece nada. E aí é que está o problema: não há nada. Tenho sonhado com nada. Apesar de nesse nada haver alguma coisa mas esse alguma coisa é praticamente insignificante. Ou mesmo que não seja, eu nunca me consigo lembrar dele quando acordo por isso também não consigo dizer se é insignificante ou não. E isso assusta-me. Assusta-me saber que estou a sonhar e não saber com o quê. E de repente acordo com as lágrimas nos cantos dos olhos e não percebo porquê. E o facto de não saber como, nem o quê nem porquê tem muito que se lhe diga mas ao mesmo tempo é como nos sonhos: nada. Por isso tenho saudades daqueles sonhos disparatados que só eu tinha e que faziam toda a gente rir e achar que eu sou das pessoas mais criativas a dormir. Como por exemplo quando alguém fez anos e no cinema veio uma onda gigante.

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